Depois de fazer muito sucesso nos Estados Unidos e já ter uma segunda temporada garantida, finalmente estreou no Brasil a série Heroes. Os motivos para a série fazer tanto sucesso e já ter conquistado um expressivo número de fãs até mesmo no Brasil já são delineados nesse episódio de estréia.
Heroes começa com um homem na sacada de um prédio, aparentemente na iminência de pular. Ele pula e... voa. Peter Petrelli é um enfermeiro que assiste pacientes em estado terminal, na cidade de Nova York. Peter sonha constantemente que está voando e que existe algo de diferente com ele.
Assim como Peter, existem diversas pessoas ao redor do mundo (bom, basicamente os Estados Unidos, é verdade) com habilidades e poderes recém-descobertos. Os personagens principais apresentados nesse capítulo são uma cheeleader indestrutível, um japonês que pode manipular o tempo/espaço, uma stripper com uma personalidade extremamente forte, um viciado em drogas que pinta o futuro, além de Peter e de seu irmão, um político que acredita que sua capacidade de voar é inútil e embaraçosa. Para amarrar tudo isso, um professor indiano cujas pesquisas podiam determinar esses seres diferentes através de certos padrões no código genético... OK, apenas um embasamento teórico qualquer, sem muito compromisso com a realidade.
Nos letreiros iniciais, os espectadores são avisados de que esses heróis, que ainda não se sabem heróis, irão aprender a lidar com seus poderes e salvar o mundo – ou, pelo menos, tentá-lo. Todos estão conectados de alguma maneira e se cruzam diversas vezes, se conhecendo ou não.
Parece um pouco com Lost – no clima de mistério e no enovelamento de personagens. Mas ao contrário de Lost a série opta por não centrar um episódio em um único personagem e todos aparecem paralelamente, com algumas exceções.
Parece um pouco com X-Men. Heróis, alterações genéticas, um professor que vai atrás deles para acalmá-los e ajudaá-los a lidar com seus poderes... Até alguns poderes são parecidos (a cheerleader é, em minha opinião, uma Wolverine melhorada, porque parece sentir muita pouca dor; numa ilha deserta, poderia se alimentar da própria carne com muito menos sofrimento que o baixinho canadense), um policial telepata que aparece mais para a frente (telepatia é um clássico; o policial Parkman sofrendo com dores de cabeça causadas por seu poder é um deja vù da Jean Grey adolescente, ainda controlando sua telepatia), manipulação de metal, telecinese...
Mas a semelhança é mais do que com os X-Men. Heroes apresenta, desde sua estréia, certa similaridade com as histórias em quadrinho de uma maneira geral. A temática de um homem comum se descobrir um possível herói, por ter algum poder fantástico, não é exatamente novidade nas HQ’s. Além dessa similaridade temática e na construção de alguns personagens a série flerta com a própria linguagem dos quadrinhos. Os quadros do pintor Isaac, retratando o futuro, são muito parecidos com HQ’s. Mais para frente, na série, ao reuni-los para tentar dar-lhes uma interpretação, ele praticamente monta uma história em quadrinhos. Existe uma, de fato, na série, roteirizada e escrita por Isaac, e que também se relaciona com a história, mostrando, de certo modo, o que acontece com eles. Pra não falar nas HQ’s disponibilizadas no site (com elementos extra em relação ao que é exibido na TV), na participação especial de Stan Lee...
A temática, a proximidade com HQ’s e as muitas cenas de ação certamente ajudaram a conquistar o público essencialmente jovem da série. Os quadrinhos são a pitada especial no caldeirão de elementos pop misturados pelo roteirista Tim Kring, que garante ter estórias para pelo menos cinco temporadas de Heroes. Resta saber se ele vai conseguir manter o ritmo envolvente e não deixar a peteca cair.
Serviço:
Heroes - Universal Channel, todas as sextas às 21hs.